Editora: Saída de Emergência/Arqueiro
Autora: Anne Bishope
Páginas: 430
"- Se já sabe a resposta, por que me pergunta? - massageou os ombros de Lucivar. - Já não aguento ser tocado por elas. Desde... Já não suporto o toque, o cheiro, o gosto. Violaram tudo o que sou, até não me restar mais nada de puro a oferecer.
Lucivar agarrou os pulsos de Daemon. A vergonha e a amargura que impregnavam o odor psíquico de Daemon arranharam um nervo que ele tinha se recusado a explorar nos últimos cinco anos. Quando fosse suficientemente crescida para compreender o que significava, será que aquela gatinha de olhos azul-safira os desprezaria pela forma como tinham sido forçado a servir? Não teria importância. Lutaria com todas as suas forças pela possibilidade de servi-la. E Daemon faria o mesmo."
A estrela de hoje no blog é a trilogia das Joias Negras. Ou pelo menos os dois primeiros volumes, porque a Saída de Emergência não publicou o terceiro aqui antes de sair do Brasil e eu ainda não li o que baixei. "Pirataria, Gabi?" Me dê um desconto nesse caso, por favor :P Acredite quando digo que já teria comprado o terceiro livro a muito tempo se ele tivesse saído aqui.
Mas enfim. Vamos lá.
Joias Negras conta a história de Jaenelle, uma garota destinada a ser a Rainha Feiticeira suprema no universo de Joias Negras. Boa parte da história é contada do ponto de vista de Saetan, senhor do Inferno, e seus filhos Lucivar e Daemon. Os três estão destinados a proteger Jaenelle, e eles de fato farão de tudo e mais um pouco para isso.
Nesse universo, cada pessoa tem um nível de poder determinado pelas pedras preciosas que ele são capazes de usar. Quanto mais escura a joia, mais poderosa a magia. O sistema é bem interessante, sendo que cada pessoa vai estar num nível inicialmente que é a Joia de Direito por Progenitura. Essa pessoa pode ter acesso a mais poder fazendo uma Oferenda às Trevas, podendo descer no máximo três categorias em relação à inicial. Normalmente, quanto mais escura a joia, maior o status da pessoa e sua posição na sociedade do Sangue, como é chamada.
Aliás, a sociedade é matriarcal: as mulheres detêm o maior poder hierárquico e em boa parte desse universo, controlam os homens do Sangue com mão de ferro, especialmente aqueles que oferecem perigo por serem magicamente muito poderosos. Como elas fazem isso? Anéis de controle mágico em torno da base do pênis.
Ai. Não tenho um, mas ai. x.x
Saetan por ser quem é está livre disso, mas seus filhos não. Muito pelo contrário. Eles e muitos outros machos da nobreza (O Sangue) são usados ao bel prazer de diversas mulheres mais altas na hierarquia, meros brinquedos majoritariamente sexuais para elas. Por conta disso, temos algumas cenas bem "wow". Tipo uma cena que o Lucivar é obrigado a fazer oral numa mulher e arranca o clitóris dela no dente.
É um mundo brutal. Ninguém gosta de ceder terreno.
Enfim.
A narrativa é muito boa no quesito de explorar o psicológico dos personagens, o que eles passam e fazem, mas com exceções, costuma deixar a desejar quanto a descrição dos cenários e vestimentar e a dar a sensação de qual seria o período histórico em que a história se passa, por assim se dizer. Tipo... Se me perguntarem se é medieval, steampunk ou qualquer outra coisa do tipo, não vou saber dizer. É algo quase atemporal, embora não tenha tecnologias como as que conhecemos. Mas também não dá pra falar medieval. É algo que quebra um pouco a ambientação.
Apesar disso, os personagens em si, seus passados, como eles são e como eles se relacionam entre si é muito bem explorado, e por mais que o núcleo principal Jaenelle-Saetan-Daemon-Lucivar não sejam os epítomes da bondade, é praticamente impossível não se apaixonar por ele e por como a Anne retratou suas relações - a paternidade de Saetan para com Jaenelle, a proteção de Daemon e Lucivar para com ela e suas disposições a fazer tudo por ela, a forma como ela se preocupa com eles... Isso tudo é fácil de enxergar.
É uma história muito boa e que eu recomendo.
Classificação Final:
Um coração a menos por causa da dificuldade com a ambientação :( |
Editora: Saída de Emergência/Arqueiro
Autora: Anne Bishope
Páginas: 478
"- Não estou a salvo - gemeu Jaenelle. - Jamais estarei.
Saetan cerrou os dentes, agoniado pelas imagens que lhe inundaram a mente de rompante. Viu tudo tal como ela, outrora, presenciara. Marjane pendurada na árvore. myrol e Rebecca sem mãos. Dannie e a perna de Dannie. E Rose.
As lágrimas caíram por seu rosto enquanto abraçava Jaenelle, apoderando-se daquelas memórias angustiantes. Compreendia, finalmente, aquilo pelo que Jaenelle tinha passado quando criança, o que tinha sido feito a ela, por que não temia o Inferno ou seus habitantes. Enquanto as memórias fluíam da mente de Jaenelle para a de Saetan, ele viu o edifício, os quarto, o jardim, a árvore." (pg. 174)
O segundo livro de "Joias Negras" faz um bom trabalho como continuação. Ao mesmo tempo que acompanhamos o crescimento de Jaenelle ao longo da adolescência e mais de seu treinamento com Saetan, se preparando para realizar sua Oferenda às Trevas e poder constituir sua corte como Rainha, descobrimos detalhes sobre sua infância, sobre locais e pessoas e seres que ela visitou escondida, usando seu poder inato. O relacionamento entre ela, Saetan, Lucivar e Daemon também se desenvolve mais.
A narrativa continua muito boa em guiar o leitor pela história, e embora o mundo físico ainda seja nebuloso em seus detalhes de "medieval? clássico?", temos ótimas descrições quando o assunto é o que existe dentro da mente dos personagens. Aliás, esse mundo dentro da mente dos personagens, especialmente quando eles enlouquecem, por assim se dizer (o chamado Reino Distorcido), tem um importante papel mais ao final do livro e presumivelmente terá no próximo livro.
Não existe muito a ser realmente dito do livro sem entregar spoilers da história (e também faz tempo que li e não lembro de tantos detalhes do segundo livro quanto lembro do primeiro... Vai ser um problema ler o terceiro livro assim), além de que é uma boa continuação e ponte, cumprindo bem o seu papel na trilogia, ajudando a ligar mais o leitor a Jaenelle e aos demais personagens e mostrando mais do universo criado por Anne.
Classificação final:
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Syba: Mas não faça piada do meu cabelo... u.ú
Gabi: Tá, tá... ¬¬