Num consigo falar. Num
consigo respirar.
O Lugh foi embora.
Embora.
Meu coração de ouro
foi embora.
Eu ajoelho na
poeira.
As lágrimas
escorrem pelo meu rosto.
E uma chuva forte,
vermelha, começa a cair.
Editora: Intrínseca
Autora: Moira Young
Páginas: 352
“Sinto calor
queimar dentro de mim. Rastejar pela minha pele. Um fio de suor desce pelo meu
peito. Tiro a pedra do coração, que tava guardada em segurança dentro do meu
colete. Ela tá morna. Não. Quente.
Isso é estranho.
Olho pro céu. O sol tá caíno no oeste. O dia devia tá esfriano.
Mas parece
meio-dia. Muito quente.” (Pág. 139)
Muita gente vai detestar/detestou a narrativa. Seja pela
forma coloquial, seja pelo discurso quase-indireto.
Mas eu gostei. Eu senti como se estivesse diante de Saba,
sentada à beira de uma fogueira, enquanto ela me contava tudo. Foi essa a
sensação: quase uma conversa.
A capa e a diagramação do livro ficaram... Bem, ponto
para a Intrínseca, principalmente com a silhueta de corvo (Nero, seu lindo)
dividindo os capítulos e sub-capítulos. Encantador.
Saba é uma personagem complexa e muito, muito bem
construída. Sua devoção para com Lugh e seu quase-desprezo por Emmi mostram
seus defeitos muito bem, principalmente por culpar Emmi pela morte da mãe. Mas,
mesmo assim, ao longo do livro, o que eu percebi é que Saba gosta da irmã do
seu próprio jeito, mas não admite. Ela é mandona, irritadiça, enfim, não é
perfeita e não é uma flor de jardim... Está mais para uma flor BEM, mas BEM espinhenta...
Emmi é uma fofura, e, apesar disso, concordo com a Saba
ralhar com ela algumas vezes: menina, faz o que a Saba manda ao menos uma vez e
para de se meter em encrenca! xD
E, apesar de todos os personagens tão interessantes e tão
egoístas, em sua grande parte, o melhor, o prêmio para “galã do ano” vai para
Jack. Gente, ele é... É... Enfim, não sei direito como descrevê-lo, mas sua
arrogância, orgulho, ironia, cara-de-pau e cafajestice o tornam único.
“Se você salvar a
vida de alguém três vezes, a vida dessa pessoa é sua. Você salvou a minha vida
hoje. Salva ela mais duas vezes e eu sou todo seu.” (Pág. 171)
Principalmente porque Saba também tem uma personalidade
forte, e é simplesmente hilário ver os dois brigando. Ah, os olhos cinzentos de
lua dele também são um ponto a considerar.
A melhor cena que resume o dois é quando Saba salva a
vida dele pela segunda vez... É puramente hilário ver a música que Jack canta,
que fala sobre Anne malvada que o maltrata e tals, mas que não vai deixá-la...
xD
“[..] Já amei
muitas mulheres e cortejei muitas moças
E muitos abraços
senti
Que por uma noite
fugaz comigo ela se deite
Com Annie malvada
eu morreria de deleite.
Ah, tantas belezas
desejaram que eu ficasse
Mas só Annie me
arrebatou
Pode me ferir, me
afastar, meu coração cortar
Mas minha Annie
malvada eu não vou deixar.”
Pág. 278
Alguns parágrafos depois...
“Que canção
imbecil. Quer dizer, que tipo de idiota ia aguentar uma mulher tão
problemática?”
Tudo, né? xD
Mas, tem outro personagem que também tem a sua cota de
fãgirls em algum lugar desse mundo, apesar de aparecer pouco e suas intenções
ainda serem desconhecidas... DeMalo, comandante de mais alto posto dos Tonton,
os guardas e todo o mais do Rei e que vigiam o comércio de chaal. Pensem num
personagem que nem mesmo Saba sabe mais o que pensar... É ele.
Ike e Tommo também são personagens com sua cota de
intensidade e, não sei porque, acho que o pai de Tommo vai ter alguma
participação no futuro... É só algo que acho. E Ike... NÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOO!!!!!
T.T
Syba: Controle-se... ¬¬
Tenshi: Okay... t.t
Agora, indo para a história mesmo... Muito interessante o
que Moira construiu, com o comércio de chaal e o “Rei”. Apesar de ser uma
distopia/pós-apocalíptico, dá pra trazer pros dias atuais: chaal é todas as
drogas, legais e ilegais, que viciam o corpo e a mente e destroem a pessoa, e o
Rei é todo mundo que comanda tudo isso, ricos e mandando no mundo, queiram os
governos ou não.
E o motivo pelo qual levam Lugh também dá pra trazer aos
dias atuais, porque, no fim, foi a mente enlouquecida pelo desejo de poder do
Rei que terminou naquilo. Me lembra, em certa parte, de um ditado que vi acho
que nas aulas de Filosofia... “A religião é o ópio do homem” (Não me levem a
mal. Também sou religiosa, mas considero um fato de que TUDO que é demais, faz
mal. E religião demais é fanatismo, e é quando religião vira o ópio do homem,
um vício). Não foi exatamente um motivo religioso, mas, ainda assim, foi
por causa de algo que subiu-lhe a cabeça, que o viciou naquilo.
Recomendo muito. É uma aventura deliciosa de ler, com um
romance muito parecido com a realidade, à meu ver, com cargas leves de mistério
e suspense, e que quando terminamos, ficamos com a sensação de “Quero mais”.
Syba manda Beijos!
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Mande beijo pra mãe, pra tia, pro namorado(a), pro cachorro, pro passarinho, dance cancan, enfim, fique a vontade, a dimensão é sua.
Syba: Mas não faça piada do meu cabelo... u.ú
Gabi: Tá, tá... ¬¬